quinta-feira, 14 de maio de 2009

Enfermagem


Em continuação ao meu post anterior, encontrei no blog do Dr. Enfermeiro um post que acho q nós, estudantes de enfermagem, de certa forma concordámos..

Com a autorização do autor, aqui fica o post:


"Um Sherlock impaciente e os alunos que têm que marrar (senão chumbam!)..."


"Tenho andado, por aí fora, a investigar os Enfermeiros, mais precisamente em que actividades é que estes despendem o seu tempo. Como a senhora Bastonária vai mandando umas postas de pescada ao ar (sobre o suposto número de Enfermeiros em falta), baseadas em números batoteiros da OCDE, temos, nós próprios e obrigatoriamente, que nos dedicar a pescar com inteligência.
Ao longo do tempo descobri um padrão numérico que se repete em ciclos - se a senhora (que empunha o bastão) acorda para a esquerda, faltam 20 mil Enfermeiros, para a direita, já faltam 30 mil. Se come grelhados, a conta chega aos 18 mil, se o jantar é cozido, a coisa é mais avantajada: faltam 40 mil.
Mais mil, menos mil (perdeu-se a personalização, agora, na Enfermagem, é tudo aos "mil"), as Instituições de Saúde já deitam os currículos pela janela pois, pelo que dizem (e eu confirmo), já ocupam espaço em demasia. Até já se manda currículos para Instituições que ainda não abriram, nem vão abrir a curto prazo.
Nós, os ingénuos, ao contrário dos californianos e não só, não temos qualquer legislação que regulamente rácios, e cá na Lusitânia estas coisas decidem-se à luz do vento da trova que passa, ou seja, à vontade do digníssimo Administrador que a política determinou para o lugar. Num serviço onde deviam estar 4 por turno, metem 2, e avisam que se não trabalharem por 4 vão para o "olho da rua"... e os coitados - perdoem-me a expressão - trabalham (mais óbito, menos óbito) para salvar o próprio coiro (por 4, 5 ou mais colegas se for necessário...)!
Se lhes reduzem o salário a metade, trabalham também (seringa atrás da orelha e assobio alegre)! Há limpa-chaminés com mais dignidade! Em Braga, por exemplo, três auxiliares de limpeza não aceitaram que lhes retirassem os direitos: foram despedidas e puseram o Estado Português em tribunal!! Se fossem Enfermeiras tinham-se borrado de medo e calavam-se. Acho que o problema reside, em parte, na filosofia sofredora e humilhante que as escolas imprimem nos alunos - tratam-nos como operários subalternos feitos crianças. No meu tempo, disse-me uma "professora": "a barba é para se fazer todos os dias durante o estágio". Andei semanas-a-fio barburdinho da silva, já nem aguentava o prurido e estou cá.
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Já está na hora de ensinar aos alunos o que é dignidade, igualdade e capacidade potencial. Nos "meus" alunos não há histórias da carochinha: é marrar forte e feio sem piedade (senão chumbam! - não há cá relatórios poéticos e inúteis, perfumados, com desenhos e cores bonitas! - depois de um Mestrado na área de Pedagogia e Supervisão é que me apercebi, ainda melhor, da pouca utilidade das reflexões não desejadas. A perspectiva reflexiva é um patamar que o aluno/profissional adquire com a maturidade! Só aí será proveitosa!), saber e estar, e desde logo torço o pepino: "os Enfermeiros são profissionais com o mesmo nível de dignidade de todos os outros - devemos lutar pelas nossas convicções"!
Urge a necessidade de reforma do ensino da Enfermagem. Uma das primeiras medidas seria varrer com a enorme quantidade de professores incompetentes que vagueiam pelas Escolas, disponibilizando os lugares para quem, efectivamente, é capaz e apresenta os critérios pretendidos que, vulgarmente, são exigidos a um Professor do Ensino Superior.
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Voltando ao princípio: depois da minha investigação empírica e de relógio em punho, concluí (com todas as fragilidades metodológicas inerentes) que os Enfermeiros só dedicam cerca de 60% do seu tempo de exercício exclusivamente à Enfermagem. Isto quer dizer que, aproveitados correctamente e com dedicação a 100%, quase dobravamos(!) as horas de cuidados de Enfermagem neste país desgovernado. Enquanto tivermos Enfermeiros a fazer o trabalho de Auxiliar, Administrativos, Assistentes de Consultório, Telefonistas e afins, teremos sempre um défice na quantidade de horas de cuidados. Tenho dito!
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P.s. - Peço desculpa, mas hoje estou ligeiramente inflamado!"




DE


PS: obrigada ao Dr. Enfermeiro

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